Citação do dia. J. Merchant em ‘The Economic Consequences of Neo-Keynesianism’
Uma das questões mais importantes que está sob atenção geral é o que virá após o assim chamado “neoliberalismo” e sua alegada ruína. Advogam o retorno de medidas keynesianas, supply-side, adequações nas próprias medidas já aplicadas de orientação ao mercado, até hibridismos pragmáticos entre orientações distintas, como fez a Secretária do Tesouro dos Estados Unidos1. Esse será certamente um dos assuntos muito visitados aqui no Blog.
Em meio a essa discussão, vale sempre lembrar de coisas fundamentais. A citação do dia é de Jamie Merchant em texto recente, The Economic Consequences of Neo-Keynesianism:
“Como um modo de produção global baseado na dominação de classe, o capitalismo depende da extração de mais-valia de uma classe subordinada, a classe trabalhadora mundial, que é a piscina da qual são retirados os lucros, juros, aluguéis, dividendos e outras formas desse excedente. Como uma de suas características mais básicas, as corporações em diferentes países mecanizam suas operações para aumentar sua taxa de lucro, aumentando a produtividade do trabalho. À medida que essas técnicas se generalizam, a vantagem relativa para seus primeiros adotantes se esgota, e uma nova norma de produtividade se torna a taxa na qual as empresas devem produzir para se manterem competitivas. Surge a busca por um novo salto de produtividade. Enormes quantidades de lucro são produzidas e realizadas durante esse processo, enquanto se exclui os trabalhadores dele, ou seja, eliminando a fonte real de lucro, a força de trabalho. Como resultado, mesmo que as corporações individuais ganhem mais dinheiro investindo em maquinaria, a taxa média de lucro para todos os produtores diminui. Quanto mais isso se prolonga, menor se torna a lucratividade, reduzindo o nível de investimento e intensificando ainda mais as pressões da concorrência. (…) Apesar de proclamações delirantes celebrando o surgimento de uma economia pós-industrial durante o auge do neoliberalismo, a manufatura intensiva em capital para os mercados mundiais ainda é o principal motor do crescimento capitalista. Quanto menos lucrativa ela se torna, menos investimento privado ela atrairá, exigindo medidas mais drásticas por parte dos governos para reacender o crescimento em suas economias enfraquecidas e de baixa produtividade”2.
Referências
Merchant, J. (2023, July 4). The Economic Consequences of Neo-Keynesianism. The Brooklyn Rail. https://brooklynrail.org/2023/07/field-notes/The-Economic-Consequences-of-Neo-Keynesianism
Notas
1 https://home.treasury.gov/news/press-releases/jy0632
2 https://brooklynrail.org/2023/07/field-notes/The-Economic-Consequences-of-Neo-Keynesianism