Citação: Hobsbawm, história e administração política
A passagem de Hobsbawm abaixo pode parecer, digamos, herética para alguns círculos intelectuais. Certamente um dos maiores marxistas do século XX, foi melhor historiador do que teórico. Mas o exercício da razão histórica traz à baila a linha tendencial de continuidade prenhe de descontinuidades. A reflexão do historiador inglês nos obriga a lembrar que o parto do novo também pode ser objeto de intervenção extra-econômica, ainda que de maneira precária e cambaleante, no sentido de evitá-lo ou, pelo menos, postergá-lo. A administração da economia capitalista cumpre, em termos práticos, precisamente essa missão enquanto que, em termos teóricos, o dissenso quanto ao método dessa administração aparece como limite ideológico, por assim dizer. O bloqueio do futuro que essa missão, uma vez realizada, apresenta em termos teóricos e práticos é o élan dos reacionários.
The core of Marx’s argument in this respect is that revolution must come because the forces of production have reached, or must reach, a point at which they are incompatible with the ‘capitalist integument’ of relations of production. But if it can be shown that in other societies there has been no trend for the material forces to grow, or that their growth has been controlled, sidetracked or otherwise prevented by the force of social organization and superstructure from causing revolution in the sense of the 1859 Preface, then why should not the same occur in bourgeois society?
Hobsbawm, E. Marx and History, NLR I/143, January–February 1984.