Citação: Maurice Dobb sobre os impérios econômicos
As considerações de poder se misturam às de lucro nessa nova época de "impérios econômicos" (1946)
O tema da grande empresa é uma constante nos materiais divulgados neste blog. A citação a seguir reverbera a necessidade do tema estar entre os mais visitados. Como unidades básicas do modo de produção capitalista, as grandes empresas possuem peso em variados aspectos da vida econômica da sociedade e seu poder pode inclusive significar certos rumos como horizonte de possibilidade. Em 1946, Dobb tomou emprestada a expressão “novo baronato” para sublinhar o papel dessas grandes empresas na economia capitalista. De lá para cá, esse “baronato” modificou-se, ganhou outras personificações, deslocou-se de setores tradicionais da economia para os mais os “informacionais” por assim dizer, mas não deixaram de existir e exercer influência na vida econômica da sociedade independente do poder público ou por meio dele. Suscitaram analistas de todas as cores, tanto os que neles veem heróis, empreendedores, libertadores, quanto aqueles que os identificam como tecno-senhores feudais, atores anti-democráticos e coisas que tais. Não é, de fato, um bloco uníssono, mas é impossível não observar que em sua vanguarda mais ativa está certa renovação da burguesia reacionária aderente ao messianismo, misticismo e conspiracionismo. Os comentários de Dobb a seguir são quase octogenários. Fazem referência a variados exemplos do poder das grandes empresas das décadas anteriores àqueles anos do pós-guerra. Ele afirmou que reconhecer esse poder era já então lugar-comum. De fato, era e é hoje lugar-comum porque é uma constante que corta os séculos e, pois, a história deste modo de produção.
Dobb, M. (1983). A evolução do capitalismo. (Os Economistas). São Paulo: Abril Cultural, p. 251-252.