Comentário: P. Mattick sobre Marx e Keynes

É muito comum certa aproximação entre Marx e Keynes por parte dos intelectuais. Isso já foi mais frequente, é verdade, mas nunca deixou de comparecer aqui e ali entre aqueles que, ao mesmo tempo, mantêm os pés nas contradições fundamentais da economia capitalista (e, portanto, classistas) e procuram medidas que possam remediar os efeitos de tais contradições.

Nos tempos que correm, essa posição volta a ganhar audiência com a renovada exaltação das medidas de remissão keynesiana como remédio aos males identificados no assim chamado “pós-neoliberalismo”. Como, em geral, essa posição exaspera a aproximação entre Marx e Keynes, apresentando as diferenças muitas vezes de modo protocolar, vale recuperar uma questão importante destacada por Paul Mattick. No pós-guerra, houve quem dissesse que as teorias de Keynes eram o “marxismo” daqueles tempos (Mattick, 1969/1981, p. 2). Mas certos aspectos que não devem ser esquecidos. Um deles segue abaixo como citação do dia:

In contrast with Keynes, Marx saw in capitalism an irrational social mode of production. But as there are no economic processes independent of human activities he called the capitalist irrationality fetishistic behavior. It is the fetishistic self-expansion of capital which determines both the volume and the direction of production. Social control of the economy would imply the conscious determination of both the volume and the direction of production. This would, however, constitute a radical change in existing social relations, based as they are on the subjugation of the working population by way of value production. By insisting that only the volume, not the direction, of production should be subject to government planning, Keynes indicated that he was not concerned with altering the existing class relations but only with removing its dangerous proclivities in times of crisis. (Mattick, 1969/1981, p. 132)

Mattick, P. (1969/1981). Marx and Keynes: the limits of the mixed economy. Porter Sargent Publisher. https://archive.org/details/marxkeynes0000unse

As teorias de Marx jamais serão o keynesianismo em qualquer tempo.

Referências

Mattick, P. (1969/1981). Marx and Keynes: the limits of the mixed economy. Porter Sargent Publisher. https://archive.org/details/marxkeynes0000unse

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